sexta-feira, março 23, 2007

O que fazer?

Eu tenho muita saudade da minha mãe, mas não posso negar que, se hoje eu me sinto insatisfeita com minha profissão, em parte, isso foi falha dela. Foi falha minha também, porque eu não soube me impor, mas como alguém de 14 anos vai dizer pra mãe "Você não pode interferir na minha escolha profissional"? Ainda mais quando a mãe em questão diz que a filha não pode estudar medicina, como quer, porque na cidade onde elas moram, a escola de medicina é particular (e cara, e não é das melhores), e que não será possível sustentar a filha em outra cidade, mesmo com ela estudando em uma federal...

Ou seja, minha opção foi engenharia, ou engenharia. Na federal, que tinha na minha cidade.

O problema é que agora eu tenho um emprego que todo mundo na minha profissão gostaria de ter (uau, sinto-me como a personagem da Anne Hathaway em "O Diabo Veste Prada", só que sem a Miranda Priestley/Anna Wintour)... mas não me sinto, absolutamente, "apaixonada" pelo que faço. Eu gosto, eu sou grata pelo meu trabalho, tenho consciência do privilégio que é fazer o que eu faço... mas não é o que eu queria pra mim.

Só que, nesta altura, não dá mais pra parar e voltar atrás. Eu teria que parar de trabalhar para estudar medicina, e não tenho condições de fazer isto.

E agora, o que fazer?

2 comentários:

Luís Cavalheiro disse...

Eu poderia escrever muita coisa aqui pra expressar o que eu penso de seu dilema, mas alguém já fez isso por mim - e eu vou copiar na mão grande mesmo :-)

Tente Outra Vez
Raul Seixas

Veja
Não diga que a canção está perdida
Tenha em fé em Deus, tenha fé na vida
Tente ou...tra vez


Beba
Pois a água viva ainda está na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada aca...bou, não não não não


Tente
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça agüenta se você parar,
Há uma voz que canta, uma voz que dança, uma voz que gira
Bailando no ar


Queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente ou...tra vez


Tente
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez

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Pra relaxar, eu recomendo um Tarja Preta e Aluicinógenos (não falo de drogas, falo do blog: http://tarja-preta-e-alucinogenos.blogspot.com)

Leka Uwarow disse...

Oi Milena,
pois é o primeiro comentário já disse tudo...
Por aqui me encontro com um adolescente de 14 anos fascinado por medicina, no primeiro ano do ensino médio, e com um sonho interminável...não me imagino podando seus sonhos ou ele em uma outra profissão que não seja essa.
Também imagino a insatisfação de sua mãe, pois é muito difícil cortar o cordão umbilical, a preocupação do dia a dia, filho fora de casa, o que estará fazendo, será que comeu direito, será que tem roupa limpa, será que ficou gripado, será que levou uma blusa se por acaso esfriar, será que pegou chuva, será que tem dinheiro suficiente...às vezes não temos muitas escolhas e procuramos fazer o que achamos mais correto para o momento...Eu pensava de uma maneira, depois que meus bebês chegaram, conforme foram crescendo o pensamento mudou, entrou em pane, às vezes me torno neurótica, às vezes sou muito mole, acho que seria mais fácil se filho viesse com "bula", era só seguir as instruções e nunca errariamos, mas não seríamos nós mesmos, não teriamos a quem culpar ou como sentir culpa...desculpe mas ando confusa mesmo...mas entendo bem seu dilema...
Boa semana, beijinhos Ale.