sábado, março 12, 2011

Intocáveis? Ah, Barbara...

Acabo de ler este texto de Barbara Gancia, e confesso que fiquei triste. Gosto dela, sempre lia com gosto seus textos, suas histórias do cãozinho Pacheco Pafúncio, entre muitos outros "causos" que ela conta.

Porém, o texto do link me decepcionou. Pelo fato de que ela, talvez por desconhecimento, acredita que as pessoas têm que escolher veementemente um meio de transporte (e que este seja o único que usarão para todo o sempre!). Pelo fato de que ela acredita que quem usa bicicleta quer impor este meio de transporte para todos. E pelo fato de ela achar que as bicicletas deveriam ser banidas do Brasil porque, afinal, não estamos em Amsterdã ou Copenhague.

O que vou contar aqui é a minha experiência como ciclista, puramente pessoal. Eu me alterno, até o momento, entre duas cidades: São José dos Campos (São Paulo, cidade grande, etc), onde ando a pé ou de ônibus; e Itajubá (Minas Gerais, ou "roça", como dizem os maldosos), onde ando a pé ou de bicicleta (ou de taxi, quando estou com malas).

Eis aqui o meio de transporte que uso em Itajubá:

Rosinha, no estacionamento do IEM-UNIFEI (Itajubá, Minas Gerais)
Atualmente a Rosinha está um pouco diferente: ela agora tem lanterna, sinalizador traseiro, além de uma garupeira onde quero apoiar um alforje para carregar meus livros e cadernos. E, sim, sempre que eu ando nela, uso capacete (rosa, combinando com a bicicleta).

Já me aconteceu até de usar vestido tubinho e salto alto para ir a uma reunião, e ir na Rosinha. Sim, pedalo de salto alto, por que não?

Mas este não é o ponto central deste texto. O que eu quero dizer é que sou tremendamente respeitada quando estou em cima da bicicleta. Sou a garota para quem pedem informação na rua. Sou a garota que para a bicicleta na praça para tomar um café e é automaticamente reconhecida pelos funcionários do café em questão (entre eu descer da bicicleta e chegar ao café, meu pedido já está pronto). Sou a pessoa que é ajudada nos cruzamentos, pelos motoristas.

Ou seja, sou a sortuda que mora numa cidade onde as pessoas se respeitam. Claro, existem exceções. Já aconteceu de um moleque ver minha bicicleta estacionada na calçada e derrubá-la, só para se exibir. Já me aconteceu de ser fechada por motocilistas, e até por caminhões (este episódio foi perigoso, eu estava na estrada, indo de Itajubá para outra cidade).

Mas no geral, até pelo uso do capacete e pelo fato de que eu sempre sinalizo o que vou fazer (seja uma curva, seja entrar diante de um carro), eu sempre sou respeitada no trânsito.

Então, digo às pessoas nas grandes cidades (em especial à Barbara Gancia) que o problema não está nos carros, ou nas vias impróprias para bicicletas. O problema está no individualismo que é tão comum nas cidades grandes.

Acho que o problema todo está em pessoas que acham que o mundo gira em torno de si próprias. Nas cidades européias onde a bicicleta é comum (mesmo em Paris, não existem "vias apropriadas para bicicletas", e o Velib é largamente utilizado - pesquise, Barbara!), o que existe é consciência do coletivo.

É isso que em cidades como São Paulo (ou Porto Alegre!), a população precisa aprender a cultivar!

3 comentários:

Anônimo disse...

Como instilar consciência de coletividade num formigueiro humano com 15 milhões de bípedes aos quais se recomenda "competitividade"?
Não vejo a hora de tomar o "caminho da roça". Ou da praia.

@LRGuedes

Anônimo disse...

Querida, você está no Brasil. Aqui não é Paris e o povo não tem educação para andar de bicicleta. Uma pena.

Milena disse...

Educação a gente ensina. A idéia é essa.