E, por ser completamente maluca por música clássica, resolvi dedicar um dos meus "posts musicais" a uma obra do período romântico que é uma das minhas grandes favoritas: a Abertura 1812, de Tchaikovsky. Ou mais exatamente "Abertura Festiva em Mi Bemol, O Ano de 1812".
Se você, leitor, acha que Tchaikovsky é apenas "um compositor de música para ballet", está redondamente enganado. Ele criou esss filme de guerra em forma de música, em 1880, para celebrar a defesa russa de Moscou contra o avanço da Grande Armée, o Grande Exército de Napoleão, na Batalha de Borodino. Só de ouvir a música (enquanto escrevo) e pensar na história eu já fico arrepiada.
Aliás, eu deixo claro neste ponto que entendo pouquíssimo de música e não pretendo fazer uma análise técnica musical.
A obra é composta para orquestra sinfônica completa, orquestra de metais e coro. E canhões. E sinos de igreja. Sim, você leu direito. Canhões (substituídos, em locais fechados, por martelos batendo em chapas metálicas ou por instrumentos mais pesados de percussão) e sinos de igreja (às vezes substituídos por sinos menores, de bronze). A partitura fala em 16 tiros de canhão no final da obra.
A primeira parte da música é o hino Deus, Preservai o Vosso Povo, cantado pelo coro masculino. Essa parte da música representa, na minha modesta opinião, o Patriarca Ortodoxo de Todas as Rússias chamando o povo à oração pela paz, visto que o exército francês nunca tinha sido derrotado. O povo vai em massa às igrejas, por todo o país, rezar pela intervenção divina, visto que o exército russo era pessimamente equipado e muito inferior numericamente.
O primeiro ponto de inflexão da música é o primeiro bater da percussão, a partir do qual as cordas e o oboé introduzem as cenas da batalha que começará em pouco tempo. A orquestra vai se avolumando, assim como a percussão, até que em outro ponto de inflexão o volume diminui e um novo motivo musical começa, ilustrando o avanço do exército francês. Este motivo é seguido por uma grande movimentação das cordas. Na minha opinião de leiga, é como se as defesas russas estivessem se preparando.
Em mais um ponto de inflexão, os sopros pintam o quadro do exército francês com A Marselhesa, em contraponto às cordas "russas". Neste ponto, tem-se a nítida impressão de que esta será mais uma batalha vencida por Napoleão Bonaparte. A partir deste ponto, a percussão pinta o quadro das escaramuças e do choque entre os exércitos, em um dos momentos mais emocionantes da obra.
O Czar apela à população, cuja resposta, na música, é mostrada em trechos de canções folclóricas russas, em tons quase pastorais, contrastando com um novo choque musical entre a Marselhesa, apresentada pelos sopros, e as cordas "russas". O choque é claramente mostrado pela percussão.
Neste momento, em que parece que tudo está perdido, as cordas mostram o vento frio do inverno que se aproxima, alternado com melodias folclóricas e com a Marselhesa: o "General Inverno", a Providência Divina, entrou em combate.
Moscou está salva. O hino do início (Deus, Preservai o Vosso Povo) é repetido em uma versão triunfante, após o inverno expulsar os franceses. O hino é acompanhado pelo repicar dos sinos e por uma percussão fortíssima. A música termina de forma apoteótica, com a melodia folclórica russa que permeou a obra alternada com canhões e os sinos das igrejas de Moscou.
Na falta de uma versão completa da música em vídeo no Youtube, deixo aos leitores uma versão bem-humorada, com o grupo Swingle Singers:
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